O Vasco e Cruzeiro deste sábado não foi um jogo qualquer. Dois dos maiores clubes do Brasil se enfrentaram no São Januário, no Rio de Janeiro, e o que se viu foi algo, no mínimo, estranho. Ataques eficientes, com belos valores, rápidos e criativos foram apenas alguns dos ingredientes em campo. Por outro lado, defesas sólidas e em boa fase também marcavam presença. E mais, foram as responsáveis pelo placar magrinho da partida.
Apesar dos grandes valores em campo, o jogo foi marcado por momentos bisonhos. Chutes tortos, tropeços e lances de deixar até o menos entendido do esporte, envergonhado. Um senhor, que vendia pipoca nas arquibancadas, quase chorou ao ver alguns poucos flashes da partida, enquanto fazia o troco para algum cliente, e lembrar os craques do passado. Dinamite, Acácio, Edmundo e Romário foram alguns nomes que vieram à memória do pobre torcedor vendedor de milho estourado.
Mas quem disse que para ir a um estádio ver futebol a gente paga ingresso para ver, necessariamente, um jogo? Nem sempre é assim. É claro que qualquer partida é, por si só, um jogo, oras. Mas, há situações em que um ser humano, se é que podemos chamar assim alguém que se apresenta de forma impecável e brilhante, se destaca até mesmo do espetáculo como um todo.
Dedé, a alegria da noite de sábado |
No início da partida, os atletas cruzeirenses partiam para cima da defesa vascaína como se não conhecessem aquele jovem. Tiago Ribeiro, Wellington Paulista e o motorzinho Montillo trocavam passes no meio de campo, faziam lançamentos, enfrentavam o miolo do campo sem maiores dificuldades. Mas, ao chegarem à defesa adversária, batiam de frente com este jovem zagueiro.
Aquela era a noite dele, do xerife da defesa vascaína. O intransponível menino, que com garra, determinação e persistência, corria atrás da bola com todo vigor da sua idade e foi a melhor atração daquela partida murcha e marcada pelos erros. Ele dividia e roubava as bolas dos atacantes com a experiência de um jogador antigo na profissão e competência ímpar no esporte.
Ele é um craque? Talvez pudesse mudar o verbo e colocar “foi”. Mas isso não importa. Quando a principal atração em um jogo recheado de craques é atribuída a um jogador que demonstra raça, ao invés de técnica; vibração, ao invés da acomodação e superação, ao invés da mesmice, não caberá a mim, mero cronista esportivo, fazer a troca de palavras.
Três aves para Dedé, o craque zagueiro de São Januário! Ovacionado pela torcida ao fim do jogo, a simplicidade nas palavras do rapaz, que agradeceu aos aplausos da torcida, emocionou aquele senhor que vendia pipocas. Com o rosto em lágrimas, ele adentrou o campo e deu um abraço apertado no menino, dizendo: “obrigado pelo belo espetáculo e por ser jogador do Vasco”.
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